Como Artistas Estão se Reinventando na Pandemia
De acordo com o Observatório Itaú Cultural, o setor da economia criativa perdeu 458 mil postos de trabalho na comparação do último trimestre de 2020 com o mesmo período do ano anterior. De outubro a dezembro de 2019, havia 7.137.912 indivíduos trabalhando no segmento. Nos mesmos três últimos meses de 2020, o número havia caído para 6.679.994, uma retração de 6,4%.
Lives solidárias
Em mais uma tentativa de ajudar os profissionais do show business que ficaram desassistidos com a ausência dos shows presenciais, algumas duplas e artistas do mundo pop – em caráter solidário – realizaram LIVES SOLIDÁRIAS arrecadando cestas básicas para doar aos trabalhadores da cultura.
MAS COMO ESTÁ O TEATRO?
A cena mudou – os atores não estão mais num palco italiano e não tem o público à sua frente. Ou têm?
O palco agora pode ser a sala de casa, um jardim ou até mesmo o tradicional palco de um teatro qualquer, mas sem um público de corpo presente. O público está atrás das lentes de uma câmera.
Atores estão descobrindo uma nova forma de levar o teatro ao seu público ou até a públicos que ele nunca imaginou poder alcançar.
Com um espetáculo online ele pode falar com pessoas de todas as idades em qualquer parte do mundo.
Se o espetáculo não tem falas o alcance pode ser até maior porque não tem a barreira do idioma.
As aulas de teatro e os ensaios que raramente aconteciam de forma virtual agora estão nessa mídia ampliando o alcance.
E claro, tudo isso pode ser monetizado. Venda de ingressos para os espetáculos on-line, assim como a venda das aulas.
É uma forma de reinvenção que dá alguma subsistência aos atores.
Mas sei que muitos deles têm buscado outros mercados e possibilidades – de fazedores de pizza e bolo com entregas a estudos e criação. Aproveitar o momento de pandemia para se reinventar e sobreviver passa a fazer parte do dia a dia.
Algumas companhias fizeram empréstimos para tentar manter os profissionais mas aos poucos tiveram que dispensá-los uma vez que não há nenhuma perspectiva de melhora .
CANTORES E GRUPOS MUSICAIS
Acostumados a sobreviver dos cachês de suas apresentações em bares e festas, também os cantores e grupos musicais precisaram se reinventar. A princípio a migração para as lives parecia um caminho inédito e natural. Mas parece que todo mundo foi para as lives e é preciso muita criatividade para sobreviver nesse novo mercado.
Criar novas formas de apresentação onde o músico contracena com ele mesmo com muitos efeitos visuais ou ter um repertório que chame a atenção e ter alguma bilheteria pode ser um caminho, mas não uma substituição à apresentação presencial.
Claro que muitos músicos também estão aproveitando o momento em casa para compor e até dar aulas virtuais.
PANDEMIA E CIRCO
Respeitável público – desta vez o espetáculo não vai começar!
Os circos que sobrevivem e se mantém exclusivamente de suas bilheterias estão sofrendo muito neste momento. A pandemia fechou mais de 500 circos e deixou 10 mil artistas sem renda alguma.
E como está sobrevivendo essa gente toda?
Vendendo o que tem como ferramenta de trabalho – trailers, caminhões, globo da morte, carreta. E não pense você que eles vendem para um mercado de circenses. Muitos acabam entregando os seus bens mais valiosos ao ferro velho para poderem continuar comendo!
Alguns profissionais como palhaços, malabaristas, conseguem manter alguma renda revendendo mel, trabalhando em algum comércio na cidade onde parou ou até mesmo indo para a lavoura.
Afora isso muitos prefeitos estão pedindo que os circos se retirem de suas cidades. Para onde eles vão então?
Muitas perguntas em aberto!
LEI ALDIR BLANC
Muitos desses artistas e profissionais da cultura conseguiram algum benefício da Lei Aldir Blanc. Mas infelizmente a Lei não alcançou todo mundo porque muitos não tem familiaridade com tecnologia, não sabem como fazer os projetos que foram exigidos tanto nos Estados como nos municípios ou até mesmo não atendem aos critérios que foram exigidos como certidões negativas ou formalização.
Lembro que os segmentos da economia criativa tem o potencial necessário para provocar o desenvolvimento que queremos e PRECISAMOS para o país neste momento e no pós-pandemia. Mas infelizmente os gestores públicos pouco ou nada entendem disso e não se esforçam para entender também!
É isso! Até quando o poder público vai deixar prá trás os segmentos da economia criativa?
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