O Desmonte da Cultura – Estamos Vivendo Tempos Difíceis! – 2021

DESMONTE DA CULTURA
É isso! Estamos vivendo tempos difíceis! Fica comigo, vamos juntos nessa!
Bom, nossa história recente nos fez ter um investimento para artistas e coletivos culturais através de um programa chamado Cultura Viva. Este programa de fato fazia o dinheiro chegar nas pontas para os pequenos negócios criativos.
O programa foi implantado, funcionou durante um tempo e não foi levado à diante pela atual gestão. O discurso dos atuais gestores era – no momento da eleição – que a Lei Rouanet não chegava aos pequenos artistas. E o que eles têm feito de fato – para que a lei chegue a esses pequenos artistas?
Até onde sei nada! E os programas que de fato atendiam esses pequenos também sequer foram retomados.
Junte-se a isso a colocação de gestores militares em órgãos que precisam cuidar da preservação de nossos patrimônios. O que eles estão fazendo? Desmontando tudo usando como argumento uma tal ideologia.
Para esses gestores a ideologia é ser de esquerda – e assim eles vão destruindo, aniquilando o pouco que conseguimos ao longo de décadas.
Na última reunião da Comissão de Cultura realizada no dia 6 de julho com a presença do Ministro do Turismo – onde a Secretaria de Cultura Federal está equivocadamente alocada – foi um desastre.
O Ministro resumiu a sua patética participação apresentando projetos que segundo ele foram financiados com verba pública. Todos os projetos apresentados NÃO Foram financiados com verbas federais, notadamente verbas da lei Rouanet. Portanto começou a fala usando argumentos que não domina. O Sanfoneiro Ministro do Turismo se orgulha de ser músico e ter várias composições – claro que pouco ou com reconhecimento nenhum da massa. Mas de fato o que esse ser entende de cultura brasileira? Ao longo de sua fala, respondendo a perguntas de vários deputados ele simplesmente mencionou viagens realizadas pelo país, duas ou três igrejas onde algum investimento de preservação foi realizado e tentou passar a sua vez para o Capitão Secretário de Cultura. Este por sua vez se absteve e falar tendo em vista o pouco tempo que teria para explicar tecnicamente (se é possível) o que a Secretaria Especial de Cultura tem feito.
Perdi mais de duas horas do meu tempo aguardando ansiosamente por uma fala quer do Ministro ou de seus “ajudantes” sobre planos para o futuro, metas a serem atingidas, programas a serem implantados e principalmente – o que vai acontecer a partir de agora com a Lei Paulo Gustavo que está tramitando ou ainda com a Lei Aldir Blanc que ainda carece de orientações ou mesmo como será o trabalho dos técnicos que precisam aprovar projetos da lei Rouanet.
Sabemos que a CNIC não terá uma nova composição tão cedo uma vez que os responsáveis se acham no direito de aprovar o que quiserem e na quantidade de projetos que quiserem.
A deputada Alice Portugal, presidente da Comissão de Cultura, insistiu numa fala mais técnica dos representantes dos órgãos públicos presentes, mas sem sucesso. Todos foram hábeis um fugir do assunto apresentando argumentos sem fundamento.
O Conselho Federal da OAB – apresentou recentemente à União uma Ação Civil Pública cobrando parecer e andamento para os projetos culturais parados no âmbito federal ao que o Meretissimo Juiz Itagiba Catta Preta respondeu apoiando todo o desmonte que está sendo realizado:
“No caso, contudo, a Administração está no livre exercício de seu poder discricionário. Age ou não, legitimamente, de acordo com a conveniência e oportunidade de seu Governo.
Não há fundamento para afastar as escolhas do Poder Executivo, ainda que pela inação, que pode ser, e é, também, uma escolha. Por vezes a melhor”.
Considera ele que tudo o que a atual administração está realizando atende perfeitamente tanto a legislação quanto os interesses de quem está no poder.
É triste constatar que todo o desmonte coloca em risco não só a qualidade de vida de uma população de profissionais habilitados, mas também o desenvolvimento local de várias cidades ou regiões que sobrevivem de seus eventos culturais e turísticos.
Será que ainda vamos ver esse povo entender que cultura não é cereja, mas o fermento do bolo?
É isso!

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