Pontos de Cultura na Europa
Com notícias veiculadas pela Assessoria de Comunicação da Secretaria Especial de Cultura e no site Meio Norte no último dia 5 de maio, ficamos sabendo que o Brasil está implantando sua principal ferramenta de fomento à cultura de base comunitária também na Europa. Três países europeus – Bélgica, Espanha e Rússia – contam com Pontos de Cultura certificados pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania. Essas instituições foram criadas por brasileiros que, por amor à cultura nacional, buscaram formas para que outros povos se familiarizassem com a produção cultural brasileira e para que imigrantes brasileiros tivessem a oportunidade de vivenciar sua própria cultura.
Os Pontos de Cultura estão previstos na Política Nacional Cultura Viva e são grupos ou organizações com finalidade cultural que desenvolvem e articulam atividades culturais em suas comunidades e em redes. Atualmente, há cerca de 4 mil Pontos de Cultura registrados no Brasil. O reconhecimento como Ponto de Cultura é importante para a obtenção de apoios e parcerias, e permite, ainda, que a entidade possa receber apoio financeiro por meio de editais públicos do governo federal, dos estados e dos municípios.
O Ponto de Cultura com sede na Bélgica foi criado pela médica obstetra Regina da Silva Barbosa, que, ao se aposentar, decidiu transformar sua biblioteca particular em pública. Na extensão da sua casa, em Bruxelas, organizou seus livros e começou a desenvolver atividades para chamar a atenção de brasileiros e amantes da língua portuguesa. Em 2012 ela ganhou um edital do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus – com um projeto de memória dos brasileiros naquele país e passou a realizar atividades culturais, para criação de memória e valorização da comunidade local de brasileiros. A comunidade brasileira na Bélgica conta com cerca de 50 mil pessoas e a portuguesa, em torno de 60 mil e com esse trabalho, Regina valoriza o país e, principalmente, beneficia as crianças binacionais que estão por lá. É importante elas saberem que existe uma cultura brasileira esteja onde elas estiverem no mundo”.
Em Barcelona a Capoeira do Gaúcho de Porto Alegre, Gilson Maciel Ricardo, mais conhecido com Mestre Gil Maciel, está fazendo a diferença. Mestre Gil é professor de capoeira desde 1994. Em 2005, mudou-se para Barcelona, na Espanha, e, desde então, tem batalhado para disseminar a arte marcial e, consequentemente, valorizar a cultura brasileira e afrodescendente. Em 2007, fundou a Asociación Cultural de Capoeira Angola Vadiação Ponto de Memória Barcelona, que reúne participantes de 23 nacionalidades diferentes. Entre os alunos, a maioria é de mulheres. Por meio do projeto “Capoeira Calidad de Vida y Socialización”, Gil oferece à comunidade aulas gratuitas uma vez por semana. Também há grupos regulares pagos, o que permite a manutenção do espaço e o sustento do professor. “A capoeira movimenta uma economia criativa importantíssima. Está presente em 155 países e é um grande instrumento de projeção, de economia”,
A capoeira chegou também à Rússia por intermédio do paraense Marcos Roberto dos Santos. Apaixonado pela cultura brasileira e pelo potencial de florescer talentos, Santos encontrou no cunhado, o russo Samuel Artashyan, o parceiro ideal para dirigir o Ponto de Cultura Espaço do Brasil em solo russo, na cidade de Ecaterimburgo. Desde a adolescência, Santos mobilizava comunidades ao seu redor para montar grupos de dança e teatro sem fins lucrativos. Era a forma que tinha para usufruir da cultura sem ter de ir para a capital, Belém. Venceu a falta de recursos e o analfabetismo e encontrou no esporte, especificamente na corrida, um caminho para sobreviver.
A primeira oportunidade de realizar alguma ação cultural na Rússia ocorreu em 2014, quando Santos promoveu, durante quase um mês, aulas gratuitas de capoeira. Em 2018, com a Copa do Mundo na Rússia, houve a oportunidade de formalizar as atividades tocadas por Samuel Artashyan. Desde então, o Ponto de Cultura compartilha com os russos um pouco mais da cultura brasileira, por meio das aulas de capoeira.
Esse reconhecimento além de mapear os grupos que atuam com a cultura nacional dentro e fora do país possibilita que todas as instituições tenham acessos a informações, processos, experiências, capacitação, compartilhamento dentro da rede dos pontos de cultura além de participar de editais e programas públicos de fomento a cultura.
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