Elaborando Projetos Sociais e Culturais

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Trabalho em Rede

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Existem redes de artesãos, redes de designers, redes de músicos, de atores, de produtores, de médicos, de engenheiros, de cozinheiros, de garçons. Enfim, existem redes de toda e qualquer atividade que você possa pensar. Mas essas são redes focadas muitas vezes e exclusivamente no desenvolvimento profissional específico. E elas são muito boas quando se procura especialização, aprofundamento em conhecimento e experiência para começar ou continuar o seu trabalho. Mas não é nessa rede focada em uma única atividade / única profissão que você vai encontrar os profissionais que você precisa para trabalhar no seu projeto.
Lembro que um projeto contém profissionais de diversas categorias e não uma única.
No início de meu desenvolvimento na área cultural, foi exatamente o trabalho em rede que me atraiu. Naquele momento eu estava participando de um programa no Sebrae-SP chamado Rede de Agentes Culturais do Estado de São Paulo. A proposta era apresentar as oportunidades que a cultura poderia oferecer enquanto negócio. O slogan usado na época era CULTURA E NEGÓCIOS, ENFIM JUNTOS!
Participavam dessa rede profissionais empreendedores culturais de todos os segmentos. Atores, circenses, músicos, produtores, gestores, agentes culturais. Enfim, uma quantidade significativa de profissionais se juntou à RAC-SP para alavancar seus empreendimentos.
Mas como todo trabalho inovador, nem todos os profissionais estavam preparados ou entenderam o que significava trabalhar em rede.
Por pelo menos seis anos estive como voluntária nessa rede. Durante esse tempo eu fui de espectadora a membro da comissão gestora da rede. E foi nesse contexto que nasceu a minha empresa. Todo o trabalho que a comissão composta ora por três profissionais e ora por até 15 outras pessoas era voluntário e focado em troca de experiências que acontecia em encontros regulares mensais.
Os encontros aconteciam na sede do SEBRAE-SP toda primeira terça-feira do mês. Era papel dessa comissão gestora articular desde o tema do encontro até o convite para os componentes da mesa. Essa mesa tinha duração de até duas horas. Poderiam estar nela de um até quatro convidados dependendo do tema. A experiência compartilhada pelos convidados sempre trazia novos olhares para a gestão cultural. Foram mais de 60 encontros, mobilizando mensalmente os mais de 4 mil inscritos no programa. Naquela época não tínhamos ainda a comunicação virtual que temos hoje e os convites IMPRESSOS eram encaminhados por correio pelo Sebrae para a rede de 4 mil profissionais do Estado de SP.
O coffee ao final do encontro também era subsidiado pelo Sebrae.
Ao longo de todos os anos de trabalho, os membros da comissão gestora chegaram a ser confundidos com funcionários do Sebrae. O que nunca fomos! Mas éramos nós que dávamos a cara nas articulações, convites, organização do evento mensal. Em decorrência disso, quando algum profissional procurava por parceiros na rede vinham diretamente à comissão gestora. Não era raro alguns trabalhos surgirem por conta dessa exposição.
O trabalho em rede é totalmente voluntário. A rede pode ter num determinado momento 30 pessoas e em seguida 300 para num outro momento ter somente três. A rede é dinâmica e fomentada pelos interesses mútuos e momentâneos dos profissionais que a compõem. A rede para ter sucesso precisa ter CONEXÕES ATIVAS. Isso significa que todas as pessoas que compõem a rede precisam de alguma forma estarem atuando e provocando outras conexões. É a articulação interna e com o mundo exterior que faz a rede funcionar.
As redes são dinâmicas e orgânicas. Um bom exemplo de rede é aquela que é formada com foco em doação de sangue. Quando uma pessoa tem um parente hospitalizado necessitando de sangue, vai acionar a sua rede de parentes e amigos. Todos são voluntários e agem com um único objetivo – O de doar sangue para a pessoa hospitalizada!
Outro exemplo que costumo dar – bem simplista – é aquele quando você precisa de uma diarista para a sua casa. Quem vc aciona? A sua mãe, o seu vizinho, a sua prima. Essa indicação que vem de alguém que você conhece vai acionar a sua rede para suprir a sua casa de um profissional. E não é nas mídias sociais que vc procura por esse profissional. Lembro que redes existem em todos os cantos e por todos os lados.
Existem redes construídas pelo ser humano para atender as demandas do progresso. A rede de água e esgoto, a rede do sistema elétrico, a rede de supermercados.

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